
É bem verdade que nosso Fenômeno não anda lá bom das pernas como antigamente, mas para quem já o viu jogar sabe que todo jogador possui lá seus altos e baixos. Isso é comum no esporte, principalmente em se tratando da magnitude do que está em jogo, uma Copa do Mundo. É claro que outras seleções mostraram muito mais serviço ou habilidade, mas por outro lado, no quadro geral, nenhuma grande surpresa, pelo contrário. Os grandes favoritos não jogaram lá essas coisas. Muitas partidas foram decididas nos minutos finais e houve muitos lances de sorte por assim dizer. Se o nosso técnico é teimoso por insistir em um esquema tático baseado no "quadrado mágico" deve ter lá suas razões, até porque se ficar experimentando outros esquemas talvez nunca o acerte. Esta é a base, em cima dela que vai se definir qualquer outra mudança, até porque mesmo jogando mal o Brasil está vencendo. Placares magros, sofridos até, mas é um tanto melhor que dar goleada e dar uma falsa ilusão de que está tudo bem.
Como não poderia deixar de ser surgem as polêmicas, coisa típica de jornalismo sensacionalista e irresponsável. É problema com passaporte, bolhas no pé, gordura e mais uma série de fatos não tão importantes assim quanto o que está em campo. Ronaldo não jogou bem contra a Croácia. Sim, e dái? Talvez o melhor jogador em campo fosse Dida, que cumpriu seu papel dignamente e sem erros até então. Na partida contra a Austrália foi nítido que a bola alta que caiu na área era dele, Lúcio entrou errado, completamente fora e acabou atrapalhando o trabalho do companheiro. Passou até no Fantástico isso - porque depois que passa no programa todo mundo acredita.
Longe deste humilde escriba virtual querer falar de um assunto que tão pouco domina, entendo mais de rugby que futebol, mas a última partida passou perto de ser um massacre. Onde já se viu nossos jogadores milhonários pisarem na bola? Literalmente. A furada do Ronaldo, aquilo foi um vexame. Parecia uma pelada de várzea, coisa triste de se ver. Mas é como ia dizendo, para quem já foi eleito melhor do mundo - quantas vezes? - chegar em mundial mostrando tudo aquilo que estamos acostumados a ver nos comerciais é pura ilusão. Não se joga assim, isso nem é futebol arte! Futebol arte é bola na rede, sair de dois, três ou quatro limpo no lance e finalizar com perfeição. A maneira como se faz isso define o craque do peladeiro oportunista, que conta com a sorte ou a inaptidão do adversário, porque convenhamos, até agora o Brasil não chegou nem perto de pegar um time realmente difícil. Alemanha, Polônia até, uma Espanha da vida, já pensou? E se vier a Argentina? Será que estaremos preparados?
Parreira insiste, mesmo sabendo que toda uma nação clama por Juninho Pernambucano, Robinho e Cicinho. Fred teve um lance de sorte, oportunismo e claro, posicionamento em campo. Ronaldo nem precisou olhar, bateu para ele e saiu o gol. Esperar que nossas estrelas sejam os artilheiros desta Copa é quase uma utopia. Eles vão decidir sim, passes importantes para haja a possibilidade de gol, uma finalização decente sequer. Quando Fred entrou pouquíssimas pessoas imaginariam que seria ele a definir o placar apertado da partida.
Não há espaço para estrelismo, salto alto e tão pouco tonturas. Se o médico da seleção autorizou, então estão aptos a jogar. Bem, Ronaldo jogou muito melhor, mas acho que aquela tontura, dor de cabeça, cagaço lhe subiu a cabeça quando resolveu chutar a bola mesmo com o jogo paralisado que ocasionou um cartão amarelo completamente desnecessário. Felipão avisou, trata-se de um garoto, tem que adular como se fosse uma criança.
Acho que todo brasileiro tem um pouco de Ronaldo, somos eternamente gratos pelo pouco que temos e quando temos um pouquinho mais nos damos por satisfeitos e se recebemos em demasia reclamamos querendo mais. Contudo não fazemos por merecer, nosso esforço é ínfimo e precisamos a todo momento de um puxão de orelha para acordar e mostrar serviço. Brasileiro não tem jogador reserva, quando vai pro gramado é para sair com a bola, driblar a zaga e cruzar até a área. Só assim, quem sabe o Brasil faz um gol, contra a fadiga social a que tanto estamos acostumados a ver, e hoje, vemos nos gramados a mesma história se repetir, pasmem, com os mesmos protagonistas, um dramalhão mexicano (alemão?) onde todos nós nos espelhamos. Porque é muito fácil vestir a camisa da Seleção e torcer pelo Brasil. Mas será que depois da Copa vamos continuar a ser Brasileiros de verdade?
- texto publicado anteriormente no antigo endereço, gutosenra.blogger.com.br um pouco antes do fatídico jogo contra a França, que culminou na desclassificação da seleção canarinho.
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